domingo, 14 de agosto de 2011

Entendimento da Cruz de Cristo

"Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim."  (Gálatas 2 : 20)

Lendo o livro a Vida que Vence, de Watchman Nee, tenho sido bastante mexida interiormente principalmente pela forma como ele aborda o pecado e como vencê-lo. De longe é uma literatura de massagear o ego, induzindo-nos a ter um encontro conosco para sermos 'libertos' do pecado. Isso é muito perigoso porque tudo o que é feito pela força do próprio braço gera frustração ou insatisfação quando algo não é alcançado ou não se alcança o desejado. Por isso, alguns estão infelizes e frustrados por tanto lutar contra o pecado e, por fim, serem vencidos por ele. Deus deu um 'zoom' na palavra e conceito de Cruz de Cristo para que pudesse entender sobre as questões que envolve o pecado e o nosso eu.

Uma dos aspectos que mais me marcou no livro foi o fato de várias pessoas que tiveram a experiência do novo nascimento procurarem a ajuda de Nee por se verem vencidas pelo pecado e dizerem que não aguentavam mais lutar contra um vício, ou pensamento impuro, a ira, entre outros pecados por ele listado. Romanos 6.14 parecia 'não funcionar', ou pelo menos, 'com eles não surtia efeito algum'. "Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, e sim da graça." Como pode isso se toda a Palavra de Deus é a verdade?

 Lei é Deus exigindo que o homem faça algo. Para quê? Para mostrá-lo que sozinho não é capaz de romper com o pecado ou viver a Sua santidade. Graça é o favor de Deus para o homem. Significa que Deus fez algo pelo homem que ele não merecia ou mesmo não era capaz de fazer. Somos salvos pela graça, ou seja, não merecíamos o perdão de Deus mas ele se fez justiça em nosso lugar, morrendo a nossa morte, para que possamos viver a sua vida. 

A morte de um injusto ou pecador não era capaz de aplacar a ira de Deus em relação ao pecado da humanidade. Não éramos capaz disso. Porém, pela morte de um justo, a saber, Jesus Cristo, homem,  filho de Deus, toda a humanidade que estava condenada a separação eterna de Deus passou da morte para a vida, pela fé na obra redentora de Jesus Cristo na cruz do Calvário, onde ele levou sobre si mesmo o nosso pecado, as nossas dores e todas as doenças. O castigo que nos estava reservado estava sobre Ele naquele momento. 

Como podemos então ser salvos pela fé e continuar na lei tentando ser melhor para Deus ou fazer aquilo que Ele deseja na força da nossa vontade? É IMPOSSÍVEL! Por isso a CRUZ. Sem a morte e ressurreição de Jesus de nada adianta o evangelho. Não há evangelho sem cruz. Não há evangelho sem entendimento de cruz. Sem entendimento do sacrifício de Jesus na cruz não conseguiremos lidar com as mazelas do pecado. Corremos o risco de viver uma vida de aparência na igreja como um 'bom religioso' que não abre mão de mostrar a sua santidade, enquanto nos bastidores, o pecado tem 'ganhado' de 1000 x 0. Chega! É momento de nos voltamos para a essência do evangelho da cruz!

O apóstolo Paulo deixou registrado: “Longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo” (Gl. 6.14). Afinal, o que a cruz de fato tem a revelar a humanidade? Se você for pensar, de longe nesse texto Paulo se referia à cruz como um pedaço de madeira. Porque pedaço de madeira ou algum outro material pode mudar a vida de uma pessoa. Isso seria idolatria. Paulo, antes, Saulo sabia muito bem o que era ser um fariseu de fariseus, um homem letrado, conhecedor da lei a fundo e perseguidor da igreja. Através de um encontro com Cristo, sua condição de pecador e cegueira lhe foram revelados, para que os seus olhos fossem abertos para a graça de Deus.

A cruz era uma lugar destinado para mim, porque com o pecado eu morri, ou seja, separei-me de Deus. O salário do pecado é a morte. Adão pecou e pelo pecado de um todos pecaram. Cruz é um lugar de morte para pecadores, mas para Cristo foi lugar de triunfo (Colosssenses 2.12-15). Aqueles que estão em Cristo, que o receberam pela fé, a cruz é lugar de ressurreição para uma nova vida. e também de triunfo. Jesus morreu a minha morte, para que eu possa viver a sua vida. O poder de Deus o ressuscitou dentre os mortos e Nele nos tornamos santos, não por regras ou rituais, mas pela obra consumada na cruz.

Paulo disse que estava crucificado com Cristo e quem vivia não era mais ele, mas Cristo Nele (Gálatas 2.19-20). Jesus já lidou com o 'problema' do pecado, que nós por nós mesmos não conseguiríamos resolver, agora temos que deixar Cristo reinar, viver em nós. Isso é viver por fé. Não que eu posso alguma coisa, mas Ele pode e já fez por mim. O que eu preciso fazer é receber esse favor e andar segundo a graça.  Se não somos nós que vivemos mais, mas Cristo, porque tentar agradar a Deus na nossa vontade quando temos apenas que viver pela fé no que Jesus já fez por nós? O apóstolo também dizia que o bem que ele queria fazer não fazia, mas o mal, isso ele fazia. A sua pergunta era quem o livraria do corpo dessa morte. A resposta ele já conhecia: Jesus Cristo. 

Por fim, tomar a nossa cruz e seguir a Cristo (Mateus 10.38)  não significa morrer nos nossos pecados, mas suportar as aflições e provações desse mundo por causa da fé em Jesus. Nós somente o amamos porque Ele nos amou primeiro. Nele está o querer e o realizar (Filipenses 2.13). Não temos que alcançar ou buscar ter uma vida vitoriosa, mas simplesmente recebê-la. NÃO MAIS EU, MAS CRISTO. Esse é o evangelho que liberta: não mais o meu eu, mas Cristo vivendo em mim!


2 comentários:

Eduardo Torezani disse...

Parabéns pelo texto, Hellen. Fui edificado nesta leitura... É maravilhoso saber que o problema do pecado foi resolvido. Não se trata do que fazemos, mas do que Cristo fez!
Para fortalecer sua visão sobre esse assunto, lhe recomendo os livros " O Evangelho Maltrapilho" e também "Meditações para Maltrapilhos" do Brennan Manning... São expetaculares!
Abraços do seu aluno Eduardo

Hellen Bodart disse...

Olá pr., agradeço as sugestões de livro e confesso que comecei a ler 'O Evangelho Maltrapilho', mas não cheguei ao fim... Agora, tem um livro desse mesmo autor que me impactou e também aproveito para compartilhar 'O Anseio Furioso de Deus'. Tive um encontro com o amor incondicional de Deus e a sua graça. Fui impactada profundamente! Que bom que tenha gostado do texto e sugestões são sempre bem vindas!!! No amor do Pai!!!